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Se você não acredita no mensageiro, não acreditará na mensagem. Nos tempos atuais facilmente encontramos líderes carregados de teorias, técnicas, métodos, conceitos… E se tirar tudo isso, o que sobra deles? Mensagem não é simplesmente um amontoado de informações e conhecimentos.

Frutos, flores, folhas e galhos só existem porque há um tronco, e antes dele, raízes. Seriam as virtudes uma forma de raiz a sustentar e nutrir a árvore como um todo?

Liderança se faz com o cérebro, mas não só. Líderes notáveis fazem seu papel de coração, o que é bem diferente de saber “de cor”, como algo que se aprende e é repetido muitas vezes.

Virtude é uma capacidade exclusivamente humana. Vem do latim virtus e significa força, retidão.

Eu escolhi 5 virtudes que distinguem a liderança comum da liderança de valor. Não há hierarquia ou níveis de qualificação quando se trata de características abstratas, assim, o melhor a se fazer é colocar as 5 virtudes lado a lado.

Busquei exemplos de pessoas conhecidas para ilustrar cada item. Não espero unanimidade nas escolhas que fiz, apenas peço que acolha o senso comum.

Começo pela CORAGEM – marca dos bravos e perseverantes. Aceitam os riscos como parte do seu papel, ousam, independente das circunstâncias, aguentam a pressão e conseguem fazer mudanças impactantes. Vem da França, idade média, um modelo de coragem, Joana D’arc.

SABEDORIA. Para falar sobre essa virtude tente visualizar uma espiral ascendente. Ela começa pequena, com dados soltos, aleatórios. Dados conectados de modo coerente se tornam informações. Informações interligadas, por sua vez, constroem conhecimentos, e conjuntos de conhecimentos organizados, sob perspectivas claras, podem vir a se tornar o último grau da espiral: sabedoria. Quem ilustra de forma primorosa essa virtude é o Dalai Lama.

JUSTIÇA, a terceira virtude que trago para reflexão. O líder justo é imparcial, enxerga os indivíduos inseridos num amplo contexto e numa linha do tempo abrangendo passado, presente e futuro. Essa amplitude de visão lhe possibilita fazer correlações e conexões de ideias e soluções que atinjam o bem comum. O líder justo é inclusivo, agregador. Não luta contra, luta a favor. Trago como exemplo uma jovem paquistanesa, contemporânea nossa: Malala.

MODERAÇÃO, uma virtude muito admirada. É uma espécie de elegância no falar, no agir: nem demais, nem de menos. Na medida. O autocontrole, a prudência, o cuidado no exercer a liderança torna o líder digno de confiança. Quem tem essa virtude sabe dimensionar o peso, a relevância de cada situação e não sente necessidade de usar circunstâncias ou pessoas para se colocar em evidência. Exemplo de moderação: Barack Obama.

Deixei por último a virtude HUMANIDADE com a intenção de enfatizá-la. Sendo as virtudes capacidades exclusivamente humanas, como disse antes, a virtude humanidade deveria ser, por excelência, característica dos líderes. Tudo o que fazemos é para alguém ou por alguém. Generosidade, interesse pelo outro, doação, buscar o bem e a evolução das pessoas. Quantos líderes com profundo senso humanitário você conhece? Gandhi, indiano do século passado, é modelo de humanidade.

As virtudes não são facilmente notadas porque residem no campo do tácito, da subjetividade. São sutis. Lembra da metáfora da árvore? Raízes. No entanto, as virtudes dão o tom no modus operandi, no jeito de fazer. Por isso a sua extrema importância.

Para perceber virtudes presentes ou ausentes na prática da liderança é preciso aprofundar, demorar um pouco o olhar.

Que tenhamos mais líderes virtuosos no mundo!

Elenice Brusque