Parece só um jogo de palavras essa expressão. Como um longo caminho pode ser curto e um curto caminho ser longo? Não lembro quando ouvi isso pela primeira vez, só sei que me despertou e continua despertando muitos insights.
Tente imaginar essa situação: uma pessoa ingressa no mercado de trabalho e recebe as primeiras remunerações. Ela tem total autonomia para usufruir do seu dinheiro da forma que quiser. Vamos considerar duas opções amplas:
A: Gastar com roupas, carro, diversão…
B: Faculdade, livros, reserva para o futuro…
Muito bem, no primeiro caso trata-se do curto caminho longo, geralmente ancorado no propósito de satisfazer os desejos no presente. E o presente é todo instante que vivemos. Se Deus quiser, um longo caminho.
Na opção B está o longo caminho curto, isto é, a pessoa percebe a vida numa linha do tempo mais ampla e se coloca como protagonista. Vive o agora com menos prazer – o que não significa pouca satisfação, visando conquistar as coisas, sejam grandes ou pequenas, no decorrer da existência.
Obviamente, A e B não são formas excludentes – imediatismo X perspectiva, no entanto nos identificamos rapidamente com uma ou outra. Quando se estuda psicologia a gente aprende que o ser humano é bio-psico-social. Isso quer dizer que somos resultado de uma mistura incrivelmente única de genética, ambiente e ideias próprias. Melhor aceitar que não consigo mudar minha altura, cor dos olhos, família e modelos da infância, região onde nasci e seus costumes. Mas, olha que boa notícia! Posso rever minhas construções mentais que aparecem nos conceitos, opiniões e escolhas cotidianas.
Voltando ao título deste texto, que, a propósito, é uma questão bastante utilizada nas conversas com meus clientes, seguem alguns exemplos:
Saúde
- Tomar refrigerante, suco de caixinha… (curto caminho longo).
- Descascar manga, coar o maracujá… (longo caminho curto).
Tempo
- Ver todas as séries, fofocas, joguinhos, vídeos engraçados… (curto caminho longo).
- Cursos de aprimoramento, bons filmes e vídeos, conversas de valor… (longo caminho curto).
Posicionamento na vida
- Dormir até tarde, fazer só porque é obrigado, achar que já sabe tudo… (curto caminho longo).
- Ter agenda, atividades diversificadas, aprender continuamente… (longo caminho curto).
E então, consegue perceber as diferenças? Importante, num primeiro momento, que não se faça julgamentos de valor como: isso é bom/certo, isso é ruim/errado. Como todo exercício de auto-observação, vai requerer esforço sim.
O grande benefício é conseguir se perceber com mais clareza e ter confiança para mudar pensamentos e comportamentos sempre levando em conta os objetivos pessoais e os cenários que se apresentam.
Ótima reflexão Elenice… quantas vezes não escolhemos o caminho mais curto !!
Quantas vezes!
Maravilhoso
Muito obrigada, Solange!